As transformações demográfica, nutricional e epidemiológica ocorridas no século passado determinaram um perfil de risco em que doenças crônicas como o diabetes e a hipertensão arterial assumiram uma carga crescente e preocupante. O diabetes mellitus é uma disfunção metabólica de múltipla etiologia caracterizada por hiperglicemia crônica resultante da deficiência na secreção de insulina, ação da insulina ou ambos. Estima-se que em 2025, o diabetes atingirá 5,4% da população mundial, o que equivalerá a aproximadamente 300 milhões de diabéticos. A hipertensão arterial também é um problema crônico comum, com prevalência estimada entre 40% a 50% da população adulta com mais de 40 anos. Estudos epidemiológicos brasileiros estimam que 40% dos acidentes vasculares encefálicos e em torno de 25% dos infartos ocorridos em pacientes hipertensos poderiam ser prevenidos com terapia anti-hipertensiva adequada.
Principais aprendizados
- As transformações demográfica, nutricional e epidemiológica do século passado levaram a um aumento significativo da carga de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão arterial.
- O diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada por hiperglicemia, com estimativa de atingir 300 milhões de pessoas em 2025.
- A hipertensão arterial também é um problema crônico comum, com prevalência entre 40% a 50% da população adulta acima de 40 anos.
- Estudos brasileiros mostram que a terapia adequada para hipertensão pode prevenir 40% dos acidentes vasculares encefálicos e 25% dos infartos.
- O rastreamento e a detecção precoce de doenças crônicas são essenciais para a prevenção e o controle efetivo dessas condições de saúde.
Importância do rastreamento de doenças crônicas não transmissíveis
As doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão e obesidade, representam uma ameaça crescente à saúde pública mundial. Tais doenças são responsáveis por 45,9% da carga de doenças em todo o mundo e, estima-se que em 2020, dois terços da carga de doenças será atribuída a elas.
Magnitude das doenças crônicas
Diversos estudos apontam para o crescimento acelerado da obesidade, um importante fator de risco para o diabetes tipo 2. As dietas altamente calóricas e o sedentarismo são os principais fatores relacionados a esse aumento na prevalência da obesidade.
Estratégias de prevenção e controle
Para enfrentar esse desafio, programas eficazes de prevenção do diabetes e hipertensão arterial devem incorporar mudanças comportamentais, como a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e a realização de atividades físicas regulares. Além disso, intervenções populacionais, como legislação, tributação e infraestrutura, são necessárias para reduzir o ambiente obesígeno a que as populações estão expostas.
Somente com uma abordagem abrangente, envolvendo tanto ações individuais quanto políticas públicas, será possível conter o avanço das doenças crônicas não transmissíveis e promover a saúde da população.
Trabalho de faculdade: Rastreamento e programas nacionais
O Ministério da Saúde implementou o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no País, durante o período de 2001-2003, com o propósito de reduzir a morbi-mortalidade associada a essas doenças. Esse plano destacou a importância do rastreamento e da detecção precoce dessas condições crônicas de saúde.
Campanhas nacionais para detecção de doenças crônicas
Diversas campanhas nacionais foram realizadas com o objetivo de promover a detecção precoce da hipertensão arterial e do diabetes mellitus. Essas iniciativas envolveram a realização de exames de medição da pressão arterial e de glicemia capilar em locais públicos, como praças e unidades de saúde.
Evidências científicas sobre efetividade de rastreamentos
Não há evidência científica irrefutável acerca da eficiência dos programas de rastreamento para o diabetes e a hipertensão. Na grande maioria das diretrizes vigentes, o rastreamento é recomendado de forma seletiva. Essas atividades, no entanto, apresentam oportunidades de se coletarem dados observacionais que, embora não substituam a evidência direta de ensaios clínicos randomizados, podem produzir importantes evidências sobre eficiência, custo e impacto.
“Essas atividades apresentam oportunidades de se coletarem dados observacionais que, embora não substituam a evidência direta de ensaios clínicos randomizados, podem produzir importantes evidências sobre eficiência, custo e impacto.”
Desafios na implementação de programas de rastreamento
Embora os rastreamentos tenham o potencial de produzir benefícios, a maioria deles tende a produzir danos. Entender esses danos, muitos deles difíceis de serem reconhecidos pelos usuários e pelos profissionais de saúde, é um pré-requisito para que se possa evitar ao máximo situações e práticas que facilitem sua ocorrência. Isso requer uma mudança de atitude para a prática da prevenção quaternária, que tem por objetivo evitar o excesso de intervenções que podem causar mais mal do que bem.
Custos e benefícios dos programas de rastreamento
Os custos diretos para o atendimento ao diabetes variam de 2,5% a 15% dos gastos nacionais em saúde, dependendo da prevalência local de diabetes e da complexidade do tratamento disponível. Indivíduos com diabetes precisam de no mínimo 2 a 3 vezes mais recursos para o cuidado com a saúde do que os não-diabéticos. Além dos custos financeiros, o diabetes acarreta também outros custos associados à dor, ansiedade, inconveniência e menor qualidade de vida para doentes e suas famílias.
Vieses e danos potenciais dos rastreamentos
Embora os rastreamentos tenham o potencial de produzir benefícios, a maioria deles tende a produzir danos. Entender esses danos, muitos deles difíceis de serem reconhecidos pelos usuários e pelos profissionais de saúde, é um pré-requisito para que se possa evitar ao máximo situações e práticas que facilitem sua ocorrência. Isso requer uma mudança de atitude para a prática da prevenção quaternária, que tem por objetivo evitar o excesso de intervenções que podem causar mais mal do que bem.
Conclusão
Embora os programas de rastreamento para doenças crônicas não transmissíveis possam apresentar desafios significativos, como custos elevados e potenciais danos, eles desempenham um papel fundamental na prevenção e no controle dessas condições de saúde. Ao detectar precocemente essas doenças, é possível adotar medidas preventivas e terapêuticas mais eficazes, melhorando a qualidade de vida da população e reduzindo a carga sobre o sistema de saúde.
Os exemplos de campanhas nacionais e evidências científicas demonstram a efetividade desses programas quando implementados de forma adequada e direcionada. No entanto, é essencial que os tomadores de decisão e os profissionais de saúde estejam atentos aos aspectos éticos e às limitações dos rastreamentos, a fim de minimizar os impactos negativos e maximizar os benefícios para a população.
Em conclusão, o rastreamento de doenças crônicas não transmissíveis é uma estratégia valiosa para a promoção da saúde e a redução da carga dessas condições, devendo ser implementado de forma planejada e responsável, levando em consideração os custos, os riscos e os benefícios para a saúde pública.